terça-feira, 30 de janeiro de 2018

O boicote a Panini e aos preços abusivos das HQs

    Olá a todos que acompanham o blog, sei que essa postagem deveria ser sobre os jogos do Superman, mas resolvi falar sobre um assunto sério que tem me incomodado no último ano. Então, resolvi fazer esse texto após perceber nesse final de semana um movimento de boicote contra o aumento abusivo dos preços das HQs da Panini nesse começo de 2018.

meu dinheiro não nasce em árvore 

     Sou totalmente a favor do boicote e espero que as revistas encalhem nas prateleiras, e sabe quem é o grande culpado desse aumento abusivo? VOCÊ LEITOR, VOCÊ COLECIONADOR!!! 

a culpa também é sua

       Sim você mesmo, mas não o colecionador qualquer e sim o que eu chamo de "colecionador Nutella, o somellier de lombada e capa dura".
     Mas como chegamos a esse ponto de histórias ruins e preços extremamente abusivos? existem vários fatores envolvidos, vamos lá:

1º Fator: Revistas em quadrinhos sempre foram artigos populares, que qualquer criança comprava com o troco da merenda da escola. 

dava pra comprar com o troco da merenda da escola

    O tempo passou, os leitores e colecionadores envelheceram e as publicações passaram a ser distribuídas em seu formato original, com novas traduções e em alguns casos as histórias mais antigas passaram a sair em encadernados, com um papel melhor e sem os cortes de páginas que haviam no passado. 

 




clássicos encadernados

     Os fãs mais velhos adoraram, afinal de contas agora com um poder aquisitivo que não possuíam na infância, podiam comprar as HQS que quisessem em um formato mais elegante.
    Num passado recente, algumas edições de luxo de capa dura foram lançadas, mas essa honraria cabia aos verdadeiros clássicos como:  Batman o Cavaleiro das Trevas, Watchmen e as primeiras histórias da Marvel dos anos 60.

clássicos de verdade em edições de luxo

2º Fator:  No ano de 2013, a editora Salvat chegou ao Brasil com uma coleção das melhores Graphic Novels da Marvel, o objetivo inicial era oferecer boas histórias em capa dura,papel de qualidade e valor atrativo.

a coleção da salvat

       O maior diferencial dessa coleção era uma coisa inédita em nosso país: ao completar a coleção, a lombada formava um desenho em uma espécie de painel.

o painel da lombada

    A coleção foi um sucesso estrondoso,várias coleções no mesmo molde foram lançadas até por outras editoras como:

-A coleção de capa vermelha da Salvat
-A coleção do homem-aranha da Salvat
-A coleção do Tex também da Salvat
-A coleção da Espada selvagem de Conan da salvat
-A coleção de graphic novels da DC da Eaglemos
-A coleção de Star Wars da Planeta de Agostini

     Essas novas coleções trouxeram centenas de novos leitores para o universo dos quadrinhos, porém ao mesmo tempo criou-se uma nova categoria de leitores: o colecionador de lombada ou capa dura, é aquele cara que não quer nem saber da história, se preocupa única e exclusivamente com o desenho da lombada e se a revista vai ter ou não capa dura. Muitos nem sequer abrem a revista, ela vai direto pra estante para exibir para os colegas.Sim, não estou louco, agora existe colecionador que nem se importa em tirar a revista da embalagem.

lindas lombadas algumas ainda lacradas

     Eu já me estressei muito com essa nova geração de leitores, já sai de uns DEZ grupos de facebook sobre quadrinhos, pois não aguentava mais ler as mesmas coisas quando lançam uma nova revista: "Se não tiver capa dura eu não compro!"; "aí, o papel da revista tal é horrível"; e o que me dá mais raiva: "problema que está caro, quem não tem dinheiro que se dane, eu posso comprar e acabou!" Sério, isso chega me dá um nojo quando leio esses comentários.

pra verem que não estou mentindo

3º Fator: Outro culpado são os grandes revendedores on line como Amazon, Saraiva, FNAC e por aí vai, afinal de contas elas vendem uma revista com até 80% de desconto pelo preço de capa.


 
dão descontos mas são vilãs 

    As editoras como a Mythos, Salvat, Eaglemos e a Panini por sua vez precisam ter sua margem de lucro e o que acontece? Aumentam o preço de capa de maneira absurda e pra completar lançam em capa dura qualquer porcaria de história, pra pegar justamente os que compram qualquer coisa em capa dura ou pra poderem completar o desenho da lombada.

histórias horriveis em capa dura e preço caro

      O problema é que os jornaleiros e as gibiterias não podem vender sem ser pelo valor de capa e muitas estão com revistas encalhadas.

     Nesse exato momento, o colecionismo de HQs brasileiro vive uma bolha especulativa: de um lado temos as editoras que lançam histórias ruins em formato de luxo a preços abusivos pra colecionadores que não se importam em pagar o que for; do outro as bancas de jornais, gibiterias e colecionadores que sabem quanto uma história vale e se cansaram de pagar preços abusivos, prevejo que essa bolha vai estourar esse ano como aconteceu nos EUA na década de 1990 e quase levou toda a indústria pro buraco.

essa bolha vai estourar

      Mas se é para o bem de todos que ocorra logo, igual a clássica  história Crise na Infinitas Terras, uma devastação que levou tudo pro buraco e que sobrem apenas alguns colecionadores "pós crise".
     É uma pena essa tentativa de elitização das revistas em quadrinhos, uma coisa que se comprava com o troco da escola e que hoje em dia poucas crianças tem acesso. 

sábado, 20 de janeiro de 2018

América Vídeo e as fitas da capinha azul

    Olá a todos que acompanham o blog, sejam bem vindos a mais uma postagem do Canil do Beagle. Hoje irei abordar um tema que vai fazer muitos leitores voltarem ao passado, imagine a cena: sábado, final da tarde, você vai na videolocadora  e descobre que todos os grandes filmes e lançamentos já foram alugados.


o templo dos cinéfilos 

     Quando tudo parecia perdido e que você voltaria para casa sem um filme, elas estão lá para salvar o seu fim de semana, era uma das mais saudosas distribuidoras de filmes do Brasil nas década de 1980 e 1990. Estou falando dela, a que possuía filmes que explodiam como dinamite, a que exibia a propaganda da pousada do Sandi em Paraty, a famosa capinha azul: a América Vídeo.

a distribuidora que fez a alegria dos fãs 

    Quem frequentou as vídeolocadoras entre as décadas de 1980 e 1990, com certeza alugou alguma fita com a capa azul e umas estrelas brancas, eram filmes lançados pela América Vídeo, ela foi uma das primeiras grandes empresas independentes a entrar com força no mercado brasileiro de VHS, na verdade a América era um selo da Paris Filmes, uma distribuidoras de filmes para o cinema daquele período.

distribuindo filmes no cinema até hoje

     A América Vídeo começou distribuindo filmes de ação, drama, romance, desenhos animados, um ou outro grande sucesso de cinema como Higlander o guerreiro imortal e até filmes eróticos soft.









o variado catálogo de filmes da américa 

      Porém o maior "trunfo na manga" da distribuidora eram os filmes produzidos pela empresa norte americana Cannon Films de Menahem Golan e Yoram Globus especializada em filmes de ação de baixo orçamento.

os clássicos da cannon

    A América Vídeo foi responsável por trazer praticamente quase todo o catálogo da Cannon como os primeiros filmes do novo astro em ascensão Jean Claude Van Dame como: Retroceder nunca Render-se jamais, O Grande Dragão Branco e Cyborg- o Dragão do Futuro.

os primeiros filmes de van damme

      A lenda Chuck Norris também teve várias produções da Cannon lançadas no Brasil pela América Vídeo como os filmes: Invasão U.S.A, Comando Delta e o melhor clone do Rambo: Braddock.


a lenda o mito 

    O astro Charles Bronson agora na pele do vingador Paul Kersey em Desejo de Matar 3 e 4 e Kinjite desejos proibidos também fizeram a alegria dos fãs. 

o vingador charles bronson também saiu pela américa vídeo 

     Michael Dudikoff, que sempre foi uma negação em filmes de ação também alcançou o sucesso no Brasil graças a "parceria" Cannon /América com a série American Ninja: o Guerreiro americano.

até quem não sabia lutar virou astro de ação por aqui

      Diversas outras produção da Cannon foram lançadas no Brasil pela América Vídeo: Os Bárbaros uma cópia descarada de Conan- o Bárbaro; As Minas do Rei Salomão com Richard Chamberlein tentava copiar o clima de Indiana Jones; a adaptação do desenho do He-Man: Mestres do Universo, o canto do cisne do homem de aço Superman IV- Em Busca da Paz, além disso até o super astro Sylvester Stallone apareceu em Falcão o Campeão dos Campeões.


até grandes astros saiam pela américa vídeo

     Além da clássica capinha azul, outra característica da América Vídeo eram as vinhetas apresentadas após os trailers, a primeira era um vídeo promocional com cenas de vários filmes distribuídos pela empresa que terminava com a impactante frase: "Somos a América Vídeo e nossos filmes explodem como dinamite!". 

a vinheta com os filmes da distribuidora

    A outra vinheta lembrada com carinho pelos fãs era a propaganda da pousada do Sandi em Paraty no estado do Rio de Janeiro, com suas ruas e casarões históricos.

a lendária pousada do sandi em paraty

      A América Vídeo até que entrou na década de 1990 com muito gás lançando filmes que sempre faziam sucesso entre os sócios das vídeolocadoras, porém com a falência da Cannon em 1988 a "fonte" da distribuidora começou a secar, ao longo da nova década a América começou a perder as forças nas locadoras e acabou sendo fechada, o grupo Paris filmes acabou lançando um novo selo de distribuição a LK-TEL encerrando um período mágico entre os fãs que não se importavam com produções baratas mas que se divertiam com os filmes que conseguiam alugar.
     Bem é isso aí pessoal espero que tenham gostado de relembrar ou conhecer um pouco mais dessa época saudosa onde um simples distribuidora de filmes fez a alegria dos fãs de filmes do Brasil e quem quiser conhecer um pouco mais da Cannon indico o documentário: Electric Boogaloo: The Wild, Untold Story of Cannon Films, que está disponível na internet. Até a próxima.